O humorista brasileiro Murilo Couto foi impedido de entrar em Moçambique junto com outros dois comediantes do grupo Tons de Comédia. O incidente ocorreu nesse domingo (20), quando o trio aguardava liberação no aeroporto internacional de Maputo desde as 14h locais, equivalente às 9h no horário de Brasília.
Além de Murilo Couto, que integra o programa Aberto ao Público, estavam no grupo os humoristas Gilmário Vemba, de Angola, e Hugo Sousa, de Portugal. Os três chegaram a Moçambique em voo procedente de Luanda, capital angolana, onde haviam realizado apresentação na noite anterior.
A apresentação do grupo, que estava programada para as 17h (horário local) na capital Maputo, foi cancelada. A confirmação do cancelamento aconteceu durante transmissão ao vivo realizada no Instagram do grupo Tons de Comédia na tarde de domingo.
As autoridades moçambicanas não forneceram justificativas detalhadas para a proibição da entrada dos comediantes no país. Há indícios, porém, de que a decisão possa ter motivação política, considerando o atual cenário de instabilidade em Moçambique.
O país africano atravessa um período de turbulência política, com Venâncio Mondlane tentando legalizar o partido “Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autônomo”. Mondlane não reconheceu a vitória do político Daniel Chapo, que tem apoio do partido Frelimo.
Segundo dados da CNN, o conflito político em Moçambique já resultou em aproximadamente 400 vítimas fatais em confrontos com forças policiais.
Dinis Tivane, assessor de Venâncio Mondlane, sugeriu nas redes sociais que o humorista angolano Gilmário Vemba e seus colegas teriam sido impedidos de entrar no país por “expor as suas opiniões”. Em julho, Vemba foi visto em um encontro com Mondlane em Lisboa, fato que pode ter influenciado a decisão das autoridades moçambicanas.
Dois encontros entre Mondlane e Chapo, realizados em março e maio deste ano, discutiram a pacificação do país, o que pode resultar em uma trégua no cenário político moçambicano.
