Humberto Carrão incorpora elementos da luta de seu pai contra o câncer na construção do personagem Afonso, que enfrenta leucemia no remake de Vale Tudo. O ator revelou essa conexão pessoal durante entrevista ao Fantástico nesta segunda-feira (8). Paulo Roberto Sinoti, pai do artista, realiza tratamento quimioterápico há mais de três anos, experiência que tem auxiliado Carrão na composição do triatleta da novela.
“Meu pai faz quimio[terapia] há mais de três anos. No dia das cenas de hospital, foi um dia que eu estava almoçando com ele e falei: ‘Pai, olha que loucura. Eu tô indo agora pro trabalho, vou passar um dia inteiro num estúdio, dizendo que eu tô cansado, como você sempre diz, por causa da quimio'”, relatou Carrão.
O ator mencionou à repórter Renata Ceribelli que a coincidência entre ficção e realidade se estende além da inspiração familiar. “E tem outra coisa. Muitos dos consultores médicos que nos ajudam com essas cenas são pessoas que, em alguma medida, participaram do tratamento dele. Coincidentemente, é uma loucura”, disse.
Ao saber da reviravolta no enredo, Carrão compartilhou a informação com seu pai, que reagiu com humor. “Eu fiquei sabendo há pouco tempo. Eu contei pro meu pai, e ele respondeu brincando: ‘E aí, vai fazer laboratório?’. Eu falei: ‘Acho que nem preciso'”.
Apesar do tema sensível, o ator destacou aspectos positivos da situação. “E tem mil coisas lindas nisso, o meu pai tá vivo, o meu pai tá firme, o meu pai tá fazendo tratamento, está tudo certo”, afirmou. Ele ressaltou que seu personagem tem dimensões além da doença: “O Afonso não virou só a doença. Ele tem o amor dessa mulher [Solange], ele tem os filhos. Eu acho que isso é… Esperança e também é autopreservação.”
A doença não estava prevista inicialmente pela autora Manuela Dias para o remake. Na versão original, exibida em 1988, o personagem não enfrentava câncer. A nova produção integra as celebrações dos 60 anos da Globo.
Alice Wegmann, intérprete de Solange, par romântico de Afonso, falou sobre a intensidade emocional das cenas. “Quando li [o roteiro], eu já chorei. Fazendo [a cena], choramos muito. Assistindo [à novela], me emocionei de novo. Existem momentos da dramaturgia e existem momentos nessa nossa profissão, que parece que acontece uma coisa transcendental. É como se tudo tivesse silenciado. Era uma emoção real, daquilo que a gente estava tentando passar”, descreveu.
A atriz refletiu sobre o apelo romântico do casal junto ao público. “Acho que existe um romantismo que foi se perdendo um pouco nos últimos anos, talvez”, declarou. Ela complementou: “Tudo foi mudando com tanta intensidade que a gente se perdeu um pouco no que é a relação primordial de confiança, de respeito, de companheirismo. Eu sou uma romântica de carteirinha e acredito muito nas relações de longo prazo. A Solange errou, o Afonso errou, mas o que eles podem fazer daqui para a frente para serem melhores?”
Conteúdos relacionados Famosos de A a Z
