A cantora Fafá de Belém comemora dois marcos significativos em sua trajetória: os 69 anos de idade e os 50 anos de carreira artística. Em entrevista concedida nesta terça-feira (2), a artista paraense falou sobre envelhecimento natural, posicionamento político, a tradicional Varanda Nazaré e a realização da COP30 em Belém do Pará.
Nascida em 9 de agosto de 1956, Fafá iniciou sua carreira musical em abril de 1975 em Salvador. A artista destacou sua opção por envelhecer sem procedimentos estéticos. “Com essa carinha de 68. Sem Botox, sem intervenção, só com a minha gargalhada massageando os músculos”, disse a cantora.
Em agosto deste ano, Fafá recebeu o título de cidadã soteropolitana em cerimônia na Câmara Municipal de Salvador. “É muito bom você ser acarinhado, ainda mais quando você tem uma história de 50 anos. Eu sempre trabalhei, trabalhei muito e adoro trabalhar, mas ter o reconhecimento dessa terra pela minha história, 50 anos depois, é muito bom”, afirmou durante sua passagem pela Bahia.
A trajetória da cantora inclui participação no movimento Diretas Já nos anos 1980. Sobre seu posicionamento atual, ela explicou: “A minha vida já foi muito atrelada ao movimento político quando era necessário que a gente lembrasse ao brasileiro que ele tinha o poder do voto e que isso devia ser restituído. Então, eu trabalhei ativamente ali e ultimamente eu ando muito recolhida, mas brinco, né? Sou uma pessoa que ironiza até comigo mesma, então às vezes uma fala solta vira uma coisa. Eu acho que o grande problema desse momento é que o ódio está peleando mais. Eu venho de um tempo onde a democracia era construída por todos”.
Fafá de Belém mencionou que enfrentou críticas de diferentes espectros políticos ao longo de sua carreira. “Já fui cancelada por todos os lados. Pela esquerda, pela direita, pelo centro. Eu sou muito bocuda, dou muita opinião. Às vezes as pessoas que gostam de mim gostariam que eu fosse aqui, aqui ou ali, mas eu sou uma mulher livre. Hoje, com 69 anos, eu me sinto mais confortável nesse papel e continuo caminhando”, declarou.
Questionada sobre como reage a fake news ou polêmicas envolvendo seu nome, a cantora respondeu: “O que eu posso fazer é rir. Brincar com isso, porque eu não posso levar a sério essa loucura, né?”.
A artista também falou sobre a Varanda Nazaré, espaço que criou durante as celebrações do Círio de Nazaré, realizado anualmente em 12 de outubro em Belém. “Há quinze anos eu comecei a fazer esse espaço para mostrar às pessoas a nossa cultura, a nossa fé, que é única. Belém é uma cidade que hoje tudo se mistura. Belém já foi a segunda capital cultural do Brasil”, disse.
Belém sediará a COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – entre 10 e 21 de novembro de 2025. Fafá destacou a importância da visibilidade internacional para a região amazônica. “É nosso papel como amazônico cobrar olhares que nos olhem, que nos respeitem, que olhem nos nossos olhos, que nos ouçam. Ninguém sabe mais da maré do que o marinheiro. Quem destrói a Amazônia não é o amazônico”, afirmou.
Sobre as dificuldades de hospedagem para o evento em Belém, a cantora mostrou confiança: “Quando chegar no Círio, Nazinha resolver tudo. E vai ter COP, sim. Vai ser em Belém, sim. E as pessoas vão ter onde se hospedar. E quem chegar em Belém querendo olhar pra gente se interessando pela gente, será levado pelo amor do paraense, vai comer um excelente açaí com uma maravilhosa maniçoba e um bom tacacá”.