Marcos Oliveira, intérprete do personagem Beiçola na série “A Grande Família”, revelou detalhes sobre sua nova fase de vida no Retiro dos Artistas. O ator se mudou para o abrigo localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7), onde participou de um mini documentário produzido pela instituição. Aos 68 anos, ele compartilhou reflexões sobre os desafios enfrentados por artistas idosos no mercado de trabalho.
“O Retiro é maravilhoso. É um encontro de pessoas já com uma certa idade, que o mercado não aceita, e aqui você tem um amparo”, afirmou Oliveira no documentário. O ator destacou as dificuldades de reinserção profissional após certa idade.
A mudança para o Retiro dos Artistas aconteceu em abril deste ano, quando Oliveira buscou apoio diante das limitações impostas pelo mercado a profissionais mais velhos. Durante seu depoimento, ele mencionou o preconceito etário como barreira para a continuidade de sua carreira.
“É difícil restabelecer sua condição de vida, de saúde e aprendizado para continuar no trabalho, na produtividade”, declarou o ator. Ele também compartilhou experiências sobre como a sociedade trata artistas idosos: “As pessoas não querem você, porque você é um velho, fracassado, motivo de deboche. Riem muito da sua cara. Fica sempre uma coisa meio duvidosa: até que ponto você foi engraçado e até que ponto: ‘Ah, olha lá, tá vendo. Tá lá no Retiro, se perdeu…'”
No abrigo, Marcos Oliveira tem participado de atividades que o mantêm ativo profissionalmente. “Estou fazendo uma coisa maravilhosa, que eu tenho que agradecer muito ao Retiro. Eu sempre tenho aula de dublagem. Temos que ter essa condição de vida de não parar. De sempre estar se atualizando”, disse.
Sobre sua associação com o personagem Beiçola, que interpretou até 2014, Oliveira manifestou desejo de seguir em frente com novos projetos. “Tem uma sociedade e um monte de gente voltando para trás, com esse sentimentalismo do passado. Que, claro, foi bem, maravilhoso, mas foi do passado. Eu quero ir para frente, fazer coisas novas. Não quero ficar no passado. Eu não estou morto. Estou muito vivo e quero trabalhar”, afirmou.